segunda-feira, 25 de março de 2013

A VERDADE NÃO SE IMPÕEM

Algo sobre a verdade e o erro 

Ao se permitir receber como verdade
uma premissa que não é verdadeira
o indivíduo corre o risco de abrir
mão de sua liberdade sem saber a razão

POR RAUMSOL*


 Está plenamente comprovado o difícil que é convencer, a quem se acha identificado com o erro, de que vive fora da realidade. Achar-se identificado com o erro é viver sob uma permanente sugestão que tudo deturpa ou tergiversa. Exemplo eloquente temos no campo político. Quantos não se deixaram enganar pelas afirmações dos líderes totalitários, que se proclamam paladinos da democracia, da liberdade e do direito? Nem mesmo vendo todo o contrário as pessoas saem de seu erro, tal é a obstinação e a invalidez mental que as dominam.

No campo religioso, os erros se fundamentam numa pregação de fatos absurdos, que os adeptos admitem sem reflexão nem julgamento. Grave é a cegueira do crente, cuja inteligência não pode discernir entre o verdadeiro e o falso. Conforma-se em crer que está no certo e rechaça toda ideia emancipadora de sua incondicional submissão ao dogma, porque o aterroriza o simples fato de pensar que poderia estar equivocado.


As verdades, quando o são, não se ocultam nem se impõem


No social, à semelhança do político e do religioso, abraça-se com fanatismo uma ideologia e, embora esta se estruture sobre falsidades e ponha de manifesto embustes inqualificáveis, acredita-se docilmente que ali está a verdade, caindo sob o feitiço sedutor de suas promessas, como o pássaro na armadilha.

A evolução consciente permite ao homem defender-se do engano onde quer que este o espreite, porque fundamenta sua defesa no conhecimento das causas que o engendram. Assim, por exemplo, sabe que é impostura o que não concorda com a realidade e o que se esquiva à verificação individual, à qual todo ser tem direito. As verdades, quando o são, não se ocultam nem se impõem; revelam-se à luz da razão, com o objetivo de que o homem tome consciência delas e as use para emancipar-se da ignorância.

O que se pretende impor como verdade só tem um fim: escravizar o ente humano, para convertê-lo em instrumento passivo daqueles que exploram sua credulidade.

A sabedoria logosófica permite optar entre viver no erro, que escraviza, ou na verdade, que faz o homem livre e forte, como seu destino requer.

Trechos extraídos do livro Curso de Iniciação Logosófica
*Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Clique em LOGOSOFIA para acessar o site.


domingo, 24 de março de 2013

PUNIR CRIMINALMENTE AOS 16 ANOS

É certo diminuir a maioridade penal ?

Diante de uma situação difícil
procura-se a saída mais fácil,
mas que, talvez, não
seja a mais certa ou aprovável

WALQUER CARNEIRO



O Brasil é um país cuja característica foi definida antropologicamente por Sérgio Buarque de Holanda como a nação do homem cordial. A primeira vista esse conceito antropológico pode parecer até simpático e positivo, mas não é bem assim, pois essa cordialidade não significa única e exclusivamente bondade e sim a prática de uma ação motivada pela emoção, prática esse que pode ser benéfica ou maléfica. É dentro desta ideia que muitas pessoas, no Brasil estão se manifestando a favor da diminuição da maioridade penal. 

Vemos, hoje, o aumento significativo de práticas criminosas por crianças e adolescentes em todo Brasil. Ao mesmo tempo se observa a impunidade para essa categoria de delinquentes, que, em uma observação superficial, a pessoa que se pauta apenas pelo censo comum, levada por emoção, vê a necessidade da diminuição da maioridade penal como forma de coibir a práticas de crimes por pessoas menores de 16 anos. 

Nesta questão o indivíduo tem que ajustar a sua avaliação ponderando, também, a partir de um raciocínio lógico, já que a própria característica de homem cordial possibilitou o aumento de crimes por pessoas menores de 16 anos. 

A disseminação da miséria pela sociedade capitalista é que faz com que seres humanos comecem a praticar crimes cada vez mais cedo na vida. A tecnologia e informação de forma desregrada entrando nos lares onde os pais não têm o devido preparo para orientar os filhos é que possibilita o que vemos hoje entre os adolescentes. Porque então, ao invés de pedir redução da maioridade penal nós não passemos a exigir a moralização da justiça e do aparato do sistema de segurança pública nacional que estão totalmente corrompidos a ponto das pessoas não confiar mais em um juiz ou em um policial. Então os adolescentes sem valores éticos e morais onde se espelharem, vendo esses exemplos, resolvem partir para as práticas ilícitas. 

Os pais, oriundos da geração anterior a essa que vemos, foram criados de forma rígida e bruta e por isso optaram por dar ampla liberdade aos filhos, e assim aqueles perderam a autoridade enquanto esses tomaram posse de algo que eles não tem o devido controle. O perigo aumenta ainda mais quando crianças e adolescentes são advindo de famílias sem estrutura econômica e educacional adequada para assimilar os novos conceitos advindos da transformação cultural, assim acaba-se por criar uma geração inteira de indivíduos sem regras e sem controle. 

Os valores éticos e morais que aprendi foram meus pais que me passaram, e essa é a fórmula para que crianças possam chegar a vida adulta de forma equilibrada, mas, todavia, hoje há uma inversão de valores na sociedade que leva a ideia que a constituição tradicional da família não é mais necessário. Mãe cria filhos sem a presença de um pai, o que obriga a mãe e deixar a criança em uma creche a maior parte do tempo ou com parentes como os avós. Esse fator quebra o vinculo de autoridade, e sem o limite da autoridade proporcionada pelo núcleo familiar não há disciplina para impedir a quebra dos conceitos morais e éticos. 

Outro fator preponderante que contribuiu para a quebra de autoridade da família sobre a criança foi a instituição do estatuto da criança e do adolescente, não que o estatuto esteja errado, mas da forma que foi elaborado o documento inibe os pais de tomarem atitudes que possam coibir a criança ou adolescente de praticarem ações fora dos padrões do status estabelecido, e ao mesmo tempo põe no estado a responsabilidade de amparo a esses menores, sem que o estado esteja preparado para tal tarefa, além de ser um estatuto para países com uma cultura mais elaborada e uma sociedade economicamente mais equilibrada do que o Brasil, tanto que os organismos nacionais tem dificuldades em compreender as regras do estatuto, e isso cria um vácuo de permissividade onde os pais abrem mão de suas responsabilidade e o estado não concede o amparo necessário para que as famílias possam manter estrutura mínima para educar os filhos. 

Junto a isso há também a influencia da mídia, que é uma das grandes responsáveis pela criação de uma geração inteira de menores infratores através de filmes, novelas e até mesmo nos noticiários da televisão. Esses meios de comunicação promovem a glamorização da violência e de crimes em geral que massificados entram nos lares cujas famílias não estão preparadas para fazer o contraponto que anule a influência negativa. Essa massificação da violência na mídia se dá em parte por força da imposição comercial com a justificativa de atrair público que também verá a apresentação de produtos nos intervalos criando a cultura do consumismo, acendendo o desejo no indivíduo de querer ter algo que ele não tem como comprar, e a frustração leva-o a reproduzir aquela violência que foi condicionada em sua mente. 

Diante dessa situação o cidadão que observa a situação de forma superficial concorda quando reacionários conservadores se levantam a proclamar que a única saída é diminuir a maioridade penal. O mais preocupante é que o desconhecimento, pela maioria da população brasileira, das causas que levaram menores de idade a prática de crimes e a incapacidade do estado de tomar iniciativas para controlar a situação faz com as pessoas, (homem cordial) tomem a decisão menos racional e mais emocional. 

Creio que em vez de fazer campanhas exigindo baixar a idade para que um ser humano possa ser penalizado criminalmente seria melhor pedirmos que os governantes fossem mais justos. Redução da maioridade penal é uma solução simplista ao extremo, e que não resolve a situação. Eu já tive dezesseis anos e sei que uma pessoa nesta idade não tem noção de nada ainda. 

O certo seria fazer um movimento para que as famílias tivessem mais condições de criar e educar os filhos dentro de valores éticos e morais de respeito ao próximo. Além de que o estado tem que proporcionar condições dignas, garantindo a todas as pessoas acesso ao conhecimento. 

Então não vamos preferir por fazer pagar o lado mais fraco da moeda querendo diminuir a maioridade penal, pois sabemos que cerca de 80% dos infratores menores são de famílias pobres que não têm como pagar um advogado e as promotorias públicas são ineficientes, isso levará ao abarrotamento, ainda mais dos presídios.

A AFLIÇÃO FILOSÓFICA DE ROSA

O que entendo do Paradoxo Incognoscível

Todos os seres humanos,
em maior ou menor grau,
procuram desvendar aquilo que
se tem dificuldade para se conhecer

WALQUER CARNEIRO


O tema do Paradoxo Incognoscibilidade é novo para mim, mas compreendi de imediato a complexidade de tal conceito quando li um texto provocativo da Professora Rosa Cruz , percebendo a ansiedade dela, que estava levando o tema para um grupo de estudantes e em determinado momento ela precisou trocar impressões sobre esse tema que é muito amargo e espinhoso. E até mesmo para uma intelectual do porte de Rosa é muito difícil digerir tal conceito, por isso ela postou este texto na Página Café com Arte, uma rede social no Facebook que reúne intelectuais de Dom Eliseu e do mundo. A intenção de Rosa foi trocar ideias com os sócios da página de filosofia e praticar a sua dialética sobre o assunto. 

ESSE É O TEXTO DE ROSA 

Para as profundezas da filosofia inerente por aí em ti: "Se existe alguma proposição verdadeira desconhecida, então existe um proposição verdadeira que jamais será conhecida" Este é o intrigante resultado conhecido como o "Paradoxo da Cogniscibilidade", de Frederic Fitch. Porque há proposições verdadeiras desconhecidas, caso contrário seria o fim da ciência, mas por outro lado o resultado de Fitch contraria o "Princípio Verificaconista", também chamado "tese anti-realista". Pergunto: Há hoje, por inúmeras teorias, teses, dissertações "criadas, inventadas" sem que haja pesquisa científica. Inventa-se, posta na internet em blogs, wikipédia, por exemplo, como se fossem informações reais, comprovadas. O que fazer para que as verdades desconhecidas não sejam esse mar de informações desencontradas e "fakes" que há por aí? (Essas coisas me preocupam, hoje num debate uma aluna levou dados de um blog de uma "amiga" como se realmente fossem verdade.). 

Vejam só que Rosa abordou uma nova variante para analisar o paradoxo do Incognoscível, a partir da moderna difusão instantânea do pensamento com o advento da internet e a socialização deste pensamento aliado a emissão homogênea do conhecimento, chegando a um ponto que fica praticamente impossível perceber quais são as verdades que podem se materializar ou se implantar como ideia. 

A discussão tornou-se válida para mim a partir do momento que li o post de Rosa. O contato com esse conceito acendeu-me uma luz clareando questões que até então me atormentavam levemente sem eu saber por quê. Resolvi fazer um estudo dos termos paradoxo e Incognoscibilidade e logo me veio a necessidade de formatar um artigo dissertando sobre o aflição de Rosa diante da novidade que se descortinava frente ao seu espírito filosófico. 

Desde as priscas eras os seres humanos procuram entender as coisas e acontecimentos ao derredor e para isso o indivíduo ao pensar acumula informações para definir os conceitos daquilo que ele percebe. Essas informações vão sendo registradas entremeadas de avaliações que determinam possíveis conclusões. Todavia ao formar conceitos o cérebro utiliza do mecanismo que processa a fantasia que permite aflorar o ato criativo para inventar coisas ou resolver um problema, é bem aí que surge o paradoxo, pois nem sempre aquilo que se vê ou o que se propõe representa o que pensamos. A impossibilidade de se perceber algo de forma ampla é apenas uma ilusão causada por nossa incapacidade de alcançar a compreensão do todo existente, e por isso há sempre mais a acrescentar, e é isso que angustia os filósofos e levou Nietchz da loucura à morte. 

Há cerca de 40 anos atrás demorava-se cinco vezes mais para coletar uma informação, processá-la e compartilha-la, imagina então há 100, 300, 1000 anos atrás, hoje com a informação na velocidade da luz o algo passível de ser descoberto fica mais raro ao mesmo tempo que se amplia a capacidade de saber mais. Eis aí a agonia de Rosa. 

O Paradoxo da Incognoscibilidade é um exercício filosófico que tenta compreender como algo que tem a possibilidade de não existir possa vir a existência, levando em conta que a possibilidade de existir possa não se concretizar. 

Rosa poderia dizer aos seus alunos que eles têm que interiorizar teorias, mas teorizar como se fossem autodidatas, pois, por experiência própria minha, o autodidatismo concede liberdade para exteriorizar o que a mente revela. É ai que reside o brilhantismo dos pensadores, intelectuais e criadores verdadeiros. A teoria é somente um ponto de referência da descoberta de parte de uma verdade que vaga na energia que sustenta o universo. 

O que vemos posto ao redor é sistematizado pela mente infinita, mas paradoxalmente nosso consciente superficial registra de forma finita, todavia no consciente profundo está, desde sempre, registrada as verdades fundamentais dos elementos mecânicos, físicos e químicos que rege tudo o que existe. Tudo é energia, essa energia é que contém todas as informações universais, e como humanos somos formados por essa energia que contém todas as informações. Imaginemos o todo existente como um gigantesco e perfeito google. No google terreno as informações são guardadas em bits, gigabites e megabits. Nada mais e nada manos do que partículas de energia, porém imperfeita. É mais ou menos isso. Nós imperfeitos lutando para processar informações perfeitas. 

Com a mente infinita, mesmo imperfeitos, poderemos atingir a compreensão perfeita, mas para tal o indivíduo, de forma homogênea, tem aprender a processar tais informações. É o que nos escritos sagrados se descreve como a luta para alcançar a eternidade. Aquilo que os egípcios buscavam de forma material e Jesus deu o toque que a chave está no espírito....Apesar de tudo ainda buscamos a resposta por algo que está diante do nosso nariz. -Conhecereis a verdade, pois a verdade vos libertará -.